quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Tesão e Tensão no Busão

Definitivamente tomar o ônibus pela manhã é uma experiência antropológica! Não que seja uma boa experiência, mas é de fato algo que pode valer a pena, uma vez dentro do ônibus (pode ser o trem ou metrô em viagens mais longas), você é inserido em um mundo que varia entre o trágico e o surreal.

Esta manhã eu precisei sair mais cedo por que havia uma reunião que aconteceria também mais cedo que as de costume, fiz uso do ônibus mais cheio da manhã. Entenda que este ônibus esta abarrotado de toda classe operária migrante – São Bernardo – São Paulo – e todas aquelas pessoas que como eu sofrem do mau humor do sono!

Toda manhã eu caminho três quarteirões para embarcar em um ponto onde haja menos fluxo de pessoas e antes que todos os lugares do carro sejam ocupados, hoje não foi possível tal feito, por que o maldito ônibus chegou junto comigo ao primeiro ponto.
Embarquei com espaço livre, mas nenhum assento, nesta hora você começa a verificar se identifica alguma pessoa que desça nos próximos pontos e principalmente quais você gostaria de ficar perto ou não. Desculpem pelo comentário preconceituoso, mas no canto dianteiro do ônibus avistei um jovem rapaz com a maior cara de “mirróba” e tentei me distanciar encostando-me no outro cantinho oposto.

Três pontos a frente uma muvuca de gente começou adentrar o ônibus e involuntariamente fui lançado em direção ao moço que eu preconceituosamente classifiquei como marginal e este me olhou com cara de “estou em condicional por crime de assassinato”, mantenha a distância. Tentei me afastar dentro da medida do possível, quando na próxima parada, mais pessoas, dentre o novo conglomerado de falta de educação e pressa, um casal muito apaixonada que simplesmente não conseguia se separar.

Neste momento o casal começou a se roçar dentro do ônibus apertado, não que isso fosse algo possível de evitar, mas poderiam poupar a população do TP dos estalidos de beijos e dos suspiros de excitação, mas muito mais importante que isso, deveriam parar de me empurrar em direção ao “mirróba”, que me fulminou com o olhar quando inevitavelmente minhas intimidades tocaram seu ombro. Neste ponto da viagem teve inicio uma apresentação de contorcionismo para sobrevivência – o casal me empurrava e eu testava minha flexibilidade num espaço que mal me cabia, o moço não se movia, apenas olhava enquanto eu tentava não tocá-lo ou provocá-lo de alguma forma.

O clima de tensão piorou quando na saída da avenida do zoológico, que eu nunca fiz a menor questão de saber o nome, o ônibus se embrenhou em um transito monstro e dada minha posição no ônibus eu não conseguiria desembarcar pelas próximas 15 paradas. Fui tomado pelo desespero e iniciei um movimento discreto de migração que não resultou em muita coisa, uma vez que, eu consegui um quinto de passo a cada meia hora e o casal se aproveitava desse micro espaço que eu liberava e tão pronto quanto miojo, estavam espalhados pela micro área livre.

Meu sofrimento durou por aproximadamente cinqüenta minutos, que pareceram uma eternidade, e só foi resolvido quando o mirróba levantou em cima do seu ponto de descida e saiu atropelando todas as pessoas do ônibus. Isso me rendeu um lugar, entretanto fui obrigado a agüentar a pegação até o final do trajeto.

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